Waiting territories

TERRITÓRIOS EM ESPERA 

Em «Waiting Territories» apresentamos os edifícios e as estruturas patrimoniais das Termas, Centros de Talassoterapia, Hospitais e Sanatórios que esperam o verdadeiro sentido da regeneração. Esta alteração da imagem e do tecido territorial só terá sucesso quando se actua em simbiose, isto é, quando se pensa numa coexistência de diferentes usos, passando pela conciliação de interesses que se fazem sentir sobre o território e as possibilidades de empreendimento e de desenvolvimento. O ciclo de sucesso do passado, que marca os territórios da saúde, deve motivar a fundamentação de mudança e de progresso como factores de regeneração do Território da Saúde.

 

Dispensário de Alcântara / Dispensário Rainha D. Amélia, Lisboa. O Dispensário Popular de Alcântara (ou Dispensário Rainha D. Amélia) foi inaugurado em 1893, promovida pela Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT), fundada pela rainha D. Amélia, em 1899.
Foi uma das primeiras estruturas de apoio à luta contra a tuberculose e que, em poucas décadas, integraria uma ampla rede constituída por Sanatórios (Carcavelos, Outão, Guarda, Portalegre), de Dispensários (Lisboa, Bragança, Porto, Vila do Conde e Faro), de Hospitais (Hospital de Repouso D. Carlos I (Lumiar) e Hospital D. Manuel II (Porto) e um Instituto Central (Cais do Sodré, Lisboa), denominado Instituto D. Amélia.
Desde logo, e em articulação com o Real Instituto Bacteriológico Dr. Câmara Pestana, a ANT promoveu rastreios químicos e biológicos preventivos e outras medidas de carácter profiláctico tão importantes, como por exemplo, produzir e distribuir gratuitamente a vacinação anti-rábica e os soros antidiftéricos. A autonomia administrativa e financeira da ANT permitia-lhe desenvolver várias áreas de actuação: pesquisa e investigação, clínica, enfermagem, cuidados de pediatria e apoio social.
Na estrutura da ANT, o Dispensário de Alcântara constituiu-se como uma instituição especializada para o apoio e a assistência da mulher e da infância, dando resposta sobretudo às famílias de classes mais pobres. O que se traduzia, numa actividade diária diversificada e vocacionada para as consultas de pediatria, cuidados de enfermagem, aulas de puericultura e de outros cuidados específicos para as crianças com doenças crónicas, incluindo a distribuição de alimentos para as crianças e de refeições às famílias mais pobres.

Dispensário de Alcantara
Ano c. 1949 – foto CFT003.005354

Sanatório Sousa Martins (1904-1907), Guarda, arq. Raul Lino. São edificados Novos pavilhões na década de 1950/1953 (1.ª fase), pelo arq. Rogério de Azevedo, e numa 2.ª fase, pelo arq. Vasco de Morais Regaleira. Um conjunto sanatorial formado por três grandes pavilhões (com as suas varandas de cura) destinados aos doentes (primeira, segunda e terceira classes), denominados de Pavilhão Lopo de Carvalho, D. António de Lencastre e D. Amélia, um pavilhão de isolamento, seis moradias, uma capela, uma farmácia, um posto radiologia, um pavilhão administrativo, lavandaria e uma casa de desinfecções, distribuído por um parque cercado por muro.
[fotografia:  JMar – fórum online LugaresEsquecidos.com, 2011]

Sanatório Sousa Martins 1
Ano 2011 – foto Lugares Esquecidos

Sanatório de Montachique (1918), da autoria do arq. Rosendo Carvalheira. Um projecto incentivado pelo Club dos Makavenkos, uma agremiação filantrópica fundada pelo empresário Francisco de Almeida Grandella. O projecto sanatorial para Loures previa uma capacidade para o internamento de 36 doentes do sexo feminino (pobres), quartos para vigilantes, varanda de cura,  farmácia, sala de tratamentos, enfermaria de isolamento, cozinha e arrecadações, banhos e o forno crematório para material cirúrgico. O projectista morre no ano seguinte, surgem diversas vicissitudes que levam a interrupção da construção.
[fotografias: (1) Vista aérea da estrutura do Sanatório, SIC, 2014 – (2) Bilhete postal para divulgação e angariação de receitas a favor da construção do Sanatório, 1919. O postal serviu igualmente para homenagear o arquitecto Rosendo Carvalheira, entretanto falecido]

Sanatório de Montachique 3
Ano 2014 – foto SIC
Sanatório de Montachique 2
Ano 1919 – bilhete postal

Hospital de Arroios (1892; 1911) / Hospital Rainha D. Amélia (1898), Lisboa. Em 1705 é fundado pela Companhia de Jesus um colégio vocacionado para a formação dos padres jesuítas que iam para as missões da Índia, sob a invocação de Nossa Senhora da Nazaré. Posteriormente, após a expulsão dos jesuítas em 1759, o Marquês de Pombal ordenou a transferência das freiras Concepcionistas Franciscanas, da Ordem da Imaculada Conceição, para o antigo noviciado de Arroios, o qual passou a chamar-se Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Luz de Arroios. Em 1890, o Convento fica devoluto com a morte da última freira e o Estado toma posse do edifício. Dois anos depois, o Hospital de São José promove a anexação do imóvel para ali instalar as enfermarias de epidémicos (“tísica” e “varíola”), passando a denominar-se Hospital de Arroios. No ano seguinte, a igreja reabre ao culto e, por Decreto de 3 de Março de 1898, o Hospital passa a chamar-se Hospital Rainha D. Amélia. Com a República o Hospital volta a ter a antiga denominação de Hospital de Arroios, recebendo as especialidades de cirurgia geral e medicina geral.

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Fevereiro de 2017 – foto Hgp

Hospital do Desterro, Lisboa. Em 1856, o edifício do antigo Convento do Desterro (1591) foi refuncionalizado para anexo do Hospital de São José. Neste hospital foi criada, em 1897, a primeira consulta de venereologia (denominada Moléstias Syphiliticas e Venéreas), em que se distinguiram os médicos Thomaz de Mello Breyner (1897-1933) e Luís Sá Penella (1933-1955), sucessivamente. O importante espólio reunido por esta consulta, levou à constituição de um museu de dermatologia (Museu Sá Penella), que em 1955, foi exposto numa área do Hospital. O encerramento do Hospital do Desterro, em 2007, levou à transferência do museu de dermatologia para o Hospital Santo António dos Capuchos, onde, depois do estudo e inventário da coleção, pode ser visitado, mediante marcação prévia.

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Ano 2010 – foto Hgp

Termas de Moura. Os dois pavilhões de jardim, que compõem o conjunto termal, foram construídos entre 1899 e 1900. O desenho das arcarias e os elementos mouriscos que singularizam os pequenos pavilhões, reforçam a sua ligação com o espírito desta terra de águas.

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Ano 2009 – foto Hgp

Pavilhões do Parque, Caldas da Rainha. O Hospital D. Carlos I foi projectado pelo arq. Rodrigo Maria Berquó. O edifício construído compõe-se de cinco pavilhões destinados a enfermarias, ligados longitudinalmente por galeria. A separação física dos pavilhões conferia maior salubridade que convinha à função hospitalar tornar-se numa – Máquina de Curar -, combinando os elementos higienistas e uma original arquitectura.

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Ano 2010 – foto Hgp

Termas do Varadouro. Em finais da década de 1940, renasceu o entusiasmo pelo uso das águas, com a decisão da Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta em transformar o Varadouro numa estância termal, com novas captações, estudos e balneário moderno, encomendando o projecto ao arquitecto Eduardo Read Teixeira.

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Ano 2013 – foto Hgp

Termas do Cró, ante-projecto de 1934 (projecto 1935), da autoria do engenheiro Manuel Rodrigues Alves. Um balneário com aproximações estilísticas Art Déco, com marcações verticalizantes, reforçadas por um ritmo de fachada caracterizado por elementos salientes e vãos regrados.

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Dezembro de 2016 – foto Hgp

Águas Radium, projecto de 1925, da autoria do engenheiro Eurico Sales Viana. Um hotel-balneário que se ergue num imponente afloramento granítico, assemelhando-se a uma construção acastelada.

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Dezembro de 2016 – foto Hgp

Águas da Serra do Trigo (Vulcão das Furnas)As águas minerais naturais da Serra do Trigo foram aproveitadas para engarrafamento, dadas as suas características de água hipossalina. Reconhecida como “a soberana água de mesa”, esta é uma das 101 nascentes espalhadas por quase todo o arquipélago, com especial incidência em São Miguel, Terceira, Graciosa, Pico, Faial, São Jorge e Flores. A qualidade e excelência que a distinguem (desde 1895, quando o fornense Manoel Machado Viveiros inicia o engarrafamento e comercialização) foram factores de reconhecimento por parte dos consumidores nacionais e internacionais.

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ÁGUAS DE MOUCHÃO DA PÓVOA (Vila Franca de Xira)O primeiro Alvará de concessão é de 9 Novembro de 1910. A água destinava-se ao uso interno e externo para o tratamento e higiene das senhoras. A comercialização era feita em garrafas e garrafões, que podiam ser adquiridos nas farmácias e drogarias do País.

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ÁGUAS DAS LOMBADAS (Depósito geral na Avenida da Liberdade, n. 106-110, Lisboa).  A cenografia da fachada do depósito geral das Águas das Lombadas, na Avenida da Liberdade, procura seduzir. O impacto com o público era imediato pelo arrojo do uso das garrafas de águas de enormes proporções e a proliferação de cartazes que preenchem a fachada e as montras, que não deixam anónimo este entreposto de comercialização de águas minerais naturais.
A nascente das Águas das Lombadas localizava-se no Vale das Lombada, a 11 km da Ribeira Grande, na Ilha de S. Miguel (Açores). Em 1904, a empresa foi distinguida com o Grande Prémio na Exposição Internacional de S. Luís e a Medalha de Ouro na Exposição do Palácio de Cristal de Londres.

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